o novo normal

É estranho pensar que a alguns meses atrás vivia um estilo de vida que acreditava ser normal, na verdade, estava começando a passar por problemas pessoais que me dizia que eu precisava mudar, enfrentar esses problemas para ficar bem.

Para ser sincero, eu não entendi como depois de tanto tempo, passando por tantas coisas em diversas fases da vida, cheguei ao meu limite em fevereiro, descobri que precisava de ajuda de um profissional para tratar o que achava ser o começo de uma ansiedade que me acompanhava a algum bom tempo.

Foi quando recebi a guia do psiquiatra solicitando acompanhamento com psicólogo que vi meu CID, o F41.2, ou Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão, em palavras simples eu estava entre uma depressão e ansiedade, nada muito claro para distinguir entre os dois, pois os sinais e sintomas eram iguais às duas doenças.

Percebi que precisava de ajuda quando não estava conseguindo tomar decisões simples, como escolher o que jantar, pois isso me irritava; no trabalho eu me sentia muito pressionado tanto em conversar com pacientes como em certos procedimentos. Na verdade, conversar com um paciente sobre o por quê ele precisava tomar certo remédio e não um antibiótico me dava falta de ar, enrolava as palavras, parecia que se demorasse mais um pouco poderia desmaiar na frente do paciente. E sim, eu sabia o que estava fazendo, mas a afobação vinha de uma forma tão forte que eu só queria que o dia terminasse e pudesse ir pra cama, que o final de semana chegasse para eu não ter que ir trabalhar (não de uma forma que todo mundo tem um preguicinha, mas de uma tristeza profunda por ter que viver aquela rotina).

Estou a alguns meses no tratamento, não vou dizer que está tudo uma maravilha, na verdade a COVID-19 atrapalhou meu acompanhamento com o psiquiatra, visto que o plano não ofertou consultas por chamada de vídeo, apenas presencial, mas saber o que tenho, saber que tenho que enfrentar e ainda ter ajuda de uma psicóloga me ajuda e muito.

Todas as consultas termino pensativo, pois antes imaginava todas as possibilidades lógicas de uma situação, como se fossem as famosas fórmulas matemáticas que você pega um problema, lê o enunciado e aplica as informações naquela fórmula, mas a vida não é assim, toda semana é como se eu aprendesse a viver e a lidar com as coisas, como se o robô que vivia no automático aprendesse uma nova linha de código que o tira do trabalho automático e o coloca pra agir naturalmente.

Não estava sabendo viver naturalmente, aprender a lidar com minhas emoções, com as atitudes de outras pessoas é algo extremamente novo, pois as vezes me pego analisando demais uma situação, ou até mesmo passando por algo que conversei na terapia e mais tarde tendo que aplicar no dia-a-dia, chega a ser cômico, estar vivenciando uma situação e o seu interior comentando: “não vale a pena discutir”, “não vai doer dizer um não”, e por aí vai.

Talvez o novo normal não seja apenas um termo para a situação que o mundo está enfrentando atualmente.

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